As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação levam estudiosos a discutir sobre o espaço onde a informação e a comunicação navegam e também sobre as novos comportamentos adquiridos pela sociedade ao estarem conectados nesse “espaço virtual”.
No primeiro caso temos o que Pierre Lévy chama de “ciberespaço”, ou seja, a interconexão de vários computadores em escala mundial, interconeção que ele chama de “rede”. No segundo caso, Levy chama de “cibercultura” as novas atitudes, os valores, as técnicas desenvolvidas e aplicadas no espaço virtual; e deixa claro que o crescimento do primeiro acontece com o aumento do segundo até chegar ao ponto em que as informações não estarão mais “no espaço”, mas num canal interativo.
Mas que desenvolvimento social isso traz? Segundo Lévy o isolamento não faz parte da interconexão, pelo contrário, abrem-se portas para uma comunicação universal, rompendo fronteiras.
Nessa perspectiva, cada computador do planeta conectado em rede, permite a ampliação do espaço através do compartilhamento de informações e um exemplo disso é o das comunidades virtuais que tem como alicerce os interesses comuns.
Porém não podemos pensar que o “espaço virtual” seja um ambiente onde cada um faz o que quiser. O ideal de cooperação também envolve a responsabilidade individual daqueles que estão on-line, ou seja, a de postar informações relevantes, de opinar de modo coerente com o que está sendo discutido, fazendo valer a reciprocidade.
Uma dúvida ainda que faz parte desse contexto de virtualidade é o de se as relações são ou não reais e ainda se elimina ao não o contato físico entre as pessoas. Quanto a isso, Pierre Lévy apresenta que o virtual é real, ou seja, ele existe ainda que não esteja fixado num local, além disso, as pessoas são afetadas emocionalmente, e que ao invés de eliminar o contato físico, serve como um complemento dele. Considera ainda que as relações chamadas de virtuais não substituem os encontros físicos, tal como o telefone não fez com que as pessoas deixassem de se encontrar, melhor ainda, as comunidades virtuais são desenvolvidas devido aos diversos tipos de contato que surgem.
Podemos deixar claro aqui então que, segundo Lévy, o “espaço virtual” atualiza aquilo que antes existia em potência, ou seja, o contato de grupos humanos com interesses afins como é o caso de compartilhar saberes, de aprendizado cooperativo algo que acontece sem estar fixado num território, ou seja, é desterritorizado, formando uma comunicação universal.
LÉVY, Pierre. Cibercultura, Tradução de Carlos Irineu da Costa, São Paulo: Ed. 34, 1999.